Quem gosta de futebol já se deparou com o seguinte debate: Quem é o maior jogador de futebol? Messi ou Cristiano Ronaldo? Não precisamos dizer que há discussões acaloradas entre os torcedores e amantes do futebol. Mas, esta questão de verificar quem é o maior ou melhor, evidentemente não se restringe ao esporte, na verdade marca toda a nossa vida. Nem os discípulos de Jesus escaparam desse terreno de vaidades. Assim lemos em Mateus: “Os discípulos chegaram a Jesus e perguntaram: ‘Quem é o maior no Reino dos céus?’”.

Os escolhidos para a missão apostólica (chamados), são doze, como as tribos de Israel (19.28), como a família do novo Israel de Deus; Jesus concede-lhes autoridade (7.29). A equipe é marcada pela diversidade, pois alguns têm nomes hebraicos e outros gregos, alguns são pescadores, há um publicano, um zelota, entre outros. Esse grupo de homens escolhidos encontra em Jesus o seu centro e liderança maior.

Os doze discípulos devem levar a mensagem de Jesus a respeito do reino de Deus que se apresenta (4.7). Vão investidos do poder de curas, à semelhança do demonstrado por Jesus. No plano de Jesus, os judeus deviam ouvir o evangelho primeiro, e depois os gentios. “Não se dirijam aos gentios, nem entrem em cidade alguma dos samaritanos. Antes, dirijam-se às ovelhas perdidas de Israel” (10.5-6).

Esta perícope está dentro do escopo da divisão literária do evangelho de Mateus da promulgação do Reino dos Céus. O autor quer anunciar para a comunidade de Mateus que o reinado de Deus, esperado pelo povo de Israel, chegou por intermédio da pessoa de Jesus, o Messias. Lembrando que esta igreja mateana enfrentava uma crise de fé devido aos ataques dos pilares de suas crenças, principalmente, a messianidade de Jesus de Nazaré.

Desta forma, Jesus visa tornar público os fundamentos éticos do Reino dos Céus, com o objetivo de fortalecer a comunidade mateana em sua fé e esperança. Essa narrativa faz parte do conhecido sermão do monte de Jesus, em que o autor tenta responder a uma importante questão: Jesus era acusado de querer suprimir a lei de Moisés, fundamento da fé judaica, por isso, não poderia ser o Messias. Diante disso, o sermão do monte deve ser analisado a partir da perspectiva de que Jesus de Nazaré não veio abolir a lei, mas cumpri-la. Assim, Ele chama atenção para três perigos da nova vida: O mâmon (deus das riquezas), as preocupações (ansiedade) e o hábito de julgar.

Os personagens principais da história contemplam Jesus e seus discípulos. Já, os objetivos do autor são: enfatizar para a igreja de Mateus o contraste entre os tesouros terrenos e os tesouros dos céus, destacar a relação entre o tesouro e o coração e mostrar as consequências maléficas do acúmulo de riquezas terrenas.